A Dona Cândida tinha duas sobrinhas a quem dava frequentemente bonitos presentes. Estas meninas eram irmãs e muito parecidas: tinham ambas tranças louras, olhos azuis e o mesmo tom de voz. Só era pena que tivessem também, ambas, o mesmo grande defeito de serem egoístas!... Isto desgostava imenso a tia Cândida. Cada vez que lhes dava presentes, era sabido que havia zaragata motivada pelo tal egoísmo que elas não conseguiam evitar. Cada uma pretendia para si a prenda que lhe parecesse mais valiosa ou mais bonita, e nunca se contentava com a que lhe estava destinada. E vá de discutir, de teimar, de barafustar, acabando, muitas vezes, por ficarem a chorar, cada uma para seu lado.Ora, um dia, a tia Cândida pensou em fazer uma surpresa que lhes servisse de lição. E assim fez.
Era Páscoa. Em lugar dos dois ovos de chocolate que costumava mandar às meninas, mandou um só para ambas. Um ovo gigante, com um enorme laço, dentro de uma caixa. O resultado foi o previsto pela tia Cândida, está claro. Logo que abriram a caixa e viram o lindo ovo de chocolate, as meninas agarraram nele ao mesmo tempo debatendo-se pela posse deste, no habitual egoísmo de sempre.
- O presente é para mim que sou a mais velha! - gritava Isabel.
- Enganaste! É para mim que sou a mais nova! - replicava a outra.
E tanto puxaram pelo ovo que este caiu ao chão e partiu-se em bocados. Desataram ambas a chorar. A mãe acudiu:
- Que vergonha, minhas filhas! Este ovo seria para repartir por ambas se fossem tão egoístas!
Envergonhadas, as duas irmãs começaram a apanhar os bocados de chocolate espalhados. Foi então que encontraram um outro ovo de chocolate, mais pequeno, que vinha dentro do primeiro e que trazia um bilhetinho com estas palavras:
"Para aquela que melhor se tenha comportado ao receber o meu presente de Páscoa."
Else Trindade
